Pensai nessas saias

          Acho que cheguei à conclusão de que é bom não saber das coisas; ao menos algumas delas. Ignorância pode ser benção. É moda, desde os iluministas, apregoar aos quatro ventos que a burrice (ou a ausência de inteligência) é condição relegada às pessoas do mais baixo nível. Mas o que é que buscamos nas nossas curtíssimas vidas? Muitos por aí dizem ser a felicidade. E será que sapiência é realmente sinônimo de felicidade? Não sei. Talvez nem uma coisa nem outra. Ou ambas. Enquanto isso fico escrevendo (não sei escrever) sobre qualquer coisa (coisas das quais nem sei), o que pode vir a ser toda a coisa pra mim. Pois então...

                        Pensai nessas saias

No silêncio dos lençóis tremulando,

Voando com o vento;

Na parda luz do sol,

Saindo de um céu sem fim

Como um rio no seu curso lento;

Ela ficava, rodopiando longe de mim.

Eu subia no muro mais alto

Pra ver o que me guardavam

Aquelas saias de santa maria

Que sorriam pra mim,

Que nem sequer me olhavam

Mas que desciam até o fim.

Ela era serena e eu a via sumir.

Pra sempre sumir sem saber pra quê.

E voltar maldizendo a vida

Os astros, os trapézios e os tracinhos.

Mas ela corria de novo, e ainda

De saias saía sorrindo pra mim

(Sem me ver).

- Marco Faleiro, eu -




          Em homenagem ao Assunção, que adora contar essa piada errado:
http://www.bananasnoouvido.com.br/2011/06/coitado-do-pinoquio.html