Yekun / Parte 1

Pela manhã a avenida estava interditada e com placas de desvios, devido ao que foi um acidente com um caminhão-tanque carregado com combustível na noite anterior (...)

(...)  Naquela manhã o despertador ainda não tinha tocado, mas Nukey já tinha acordado e com ótima disposição. Pressentiu que seria um bom dia (!), e pensou, involuntariamente, sobre a expressão "bom dia" a qual todos aprendem a falar desde pequenos, mas ele não sabia exatamente o que significava tal expressão. Afinal, bom dia é uma pergunta, uma exclamação, um pedido, uma afirmação, um desejar ao próximo ou apenas um simples cumprimento que apenas informa a presença do sol? Mas esse pensamento não persistiu muito em sua mente, quase como se nem tivesse surgido e rapidamente ele se levantou para tomar um bom banho.
       Ao sair do banheiro, havia tanta fumaça de vapor d'água que qualquer um de fora pensaria, naquele momento, que aquilo era uma sauna. Ele se sentia um próprio super-heroi saindo de tanta fumaça intacto, como se aquilo fosse a cena de um filme, com muitas explosões e super poderes, mas logo acordou pra realidade e foi preparar seu café-da-manhã, e só depois foi vestir alguma roupa (algo considerado por ele apenas um acessório obrigatório para se apresentar socialmente).
       Ao sair para trabalhar, não sabia se escolhia a moto ou o carro e por isso decidiu ir de bicicleta, já que morava a apenas cinco quilômetros de onde trabalha e por também estar bem adiantado. Fazia tempo que não pedalava, mas ele aceitou o próprio desafio.
       Nunca tinha percebido antes o tanto que cinco quilômetros é distante e cansativo. Estava sentindo na própria pele seu sedentarismo e já não aguentando mais, após andar pouco mais de três quilômetros, ele apara pra descansar.
       Após alguns segundos de cabeça baixa ele ergue seus olhos e vê que logo a frente tem uma senhora, já um pouco de idade, que está a chorar sentada na calçada, bem onde a rua estava interditada (algo que ele também não havia notado até o momento, apesar de ter visto a placa de desvio). Movido por uma espécie de curiosidade ele vai falar com a ela.
       — Por que está chorando, minha senhora?
       — Meu filho... acaba de morrer num acidente (...) Um caminhão que transportava gasolina explodiu...
       — Meus pesâmes...
       Ela cessa o pranto por alguns instantes:
       — Primeiro meu marido, depois minha filha e agora meu filho que acaba de se casar também!? O que mais Deus pode tirar de mim? Devo estar amaldiçoada pelo Capeta, até minha herança eu já perdi por causa de um homem desgraçado que me limpou. Até meu cachorro(...), que foi abduzido por E.T.s. Já não aguento mais rezar em vão e ir a Igreja todo domingo por nada.
       Ele tinha começado a pensar o quão a gasolina estava cara desde que a senhora tinha falado sobre a explosão até que ouviu a parte sobre a abdução do cão. Achou engraçado, mas não riu. Percebeu então que a senhora voltara a chorar, porém neste momento ouviu-se uma explosão.
       No final da rua pode se ver uma tampa de bueiro decolar e subir quase quatro andares e aterrissar em cima de um carro estacionado enquanto brotava chamas do buraco, como se saissem do próprio inferno de Lúcifer.
       Nukey tinha assistido muitos filmes de guerra ultimamente e por isso várias coisas vieram a sua mente, mas nunca teria pensado que foi um "bueiro que explodiu". Algo quase inconcebíveu e inimaginável. "O que se passa no subsolo desta cidade?" Ele indagou silenciosamente, após lembrar ter visto manchetes em jornais sobre casos semelhantes em várias partes da cidade.
       Pensativo ele se levantou, pegou sua bicicleta e foi para o trabalho, sem nem perceber que a senhora com que estava conversando segundos atrás havia desmaiado com o susto da explosão e estava sofrendo um enfarto. Mal sabia ele que aquela desatenção com este caso salvaria vidas, pois no dia seguinte tal senhora iria dar uma de "mulher-bomba" no shopping, por desgosto a vida.
       92!
-------------
      Após o enfarto a senhora logo se depara com a morte na sua frente, que imediatamente pergunta:
    — Qual é o objeto que não está mais aqui? — apontando para a mão.
    — /Foi-se/ !?
    — Pois é, é isso que acabou de acontecer com você na Terra. Alguma dúvida? (...) Então pode prosseguir!
-------------

To be continued...

Um comentário:

  1. Heyyyy... se vai fazer referências a meu conto quero os devidos créditos...U.U

    Brincadeira...XD

    ficou mto legal o texto, bem criativo...

    ResponderExcluir