Vaidade do valor


Eu sou um valor.
Sou um preceito.
Um conceito.
Formado e moldado nas melhores concepções.
Sou socialmente aceito.
Só me altero se isso for necessário ao lucro alheio.
Barganhei minha felicidade
Mas isso foi há muito tempo atrás.
A felicidade é um parâmetro de comparação
Quando se vive muito tempo sem ela acaba-se acostumando.
Não me julgue.
Você não agiria diferente.
É melhor ser infeliz que socialmente não aceito.
Eu não vivi a vida que queria
Mas o comodismo fez o tédio caber nos meus sonhos.
Sou um valor.
As pessoas dizem que sou correto
Regozijo ao ouvir isso.
Muitos crêem ser isso a felicidade.
O regozijo do ego.
Pobres ingênuos.
Poderia ter vivido outra vida.
Poderia ter escrito canções.
Fundado uma seita.
Escrito um livro.
Ter sido homossexual.
Mas vivi como disseram.
Queria ser ator
Mas trabalhei a vida inteira etiquetando roupas em um galpão de fábrica
Tinha uma ideia para um livro
Mas o tema era demasiado atípico para ser bem aceito.
Queria ter feito um menage a tróis
Mas dizem que Deus condena a libertinagem.
Queria ter conversado com meus pais sobre sexo.
Mas eles ficaram ruborizados e não souberam se portar.
Gostaria de ter deixado a barba
Mas me chamariam de desleixado.
Gostaria de negar um beijo a uma garota
Mas me chamariam assexuado.
Queria ter sido feliz
Mas o mundo condena esse tipo de atitude.
Queria ter vivido
Mas, aos valores, isso é errado.
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Ps: Peter gabriel, que papelão ein...

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