Greve dos professores e o Dulce do Cerrado

               Alguém ouviu falar em greve dos professores de escolas estaduais de Goiás? Se não, talvez seja verdade o que dizem sobre a parcialmente escondida vontade do nosso governador de usar camisas verdes (lembre-se você, que teve um bom professor de história, dos integralistas da década de trinta) e praticar da boa e velha censura. Se sim, bom. Suficientemente bom? Outros também dizem que a imprensa crucifica os já crucificados dessa história...
               De um lado, o movimento grevista liderado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás. Estes alegam que não houve reajuste do piso salarial da categoria, mas sim uma jogada ardilosa. Taparam um santo, mas pelaram outro. Sem entrar nos detalhes dos números, o salário aumentou e o bônus diminui: tira daqui e põe ali. Outro coisa curiosa que li por aí foi a reclamação de um programa chamado RECONHECER, que penaliza professores por suas ausências justificadas, tais como: doença, casamento, formação profissional, luta sindical, etc. Já pensou, descontar o salário do sujeito porque ele foi casar? (Casamento já não é castigo suficiente??)
               Um gráfico bem ilustrativo sobre o então chamado "Desestímulo à qualificação do professor":


Comparativo da gratificação por titularidade
para 40 horas a partir do piso 1.395
Titulo
Piso de
R$1.460,00
na Lei 13.909
original:
Piso de R$1.460,00
na Lei 13.909
modificada
(PIV sem
cascata do
Plano original)
Perda
Especialização
R$ 3243,57
(PIV + 30%)
R$2.273,07
(PIV sem gratificação
de 30%)
R$970,50
Mestrado
R$ 3.493,84
(PIV + 40%)
 R$ 2.500,37
(PIV + 10%)
R$ 992,78
Doutorado
R$ 3.742,59
(PIV + 50%)
R$ 2.727,68
(PIV + 20%)
R$ 1014,91



               Do outro lado, o Secretário de Estado da Educação, Thiago Peixoto e o "Mussolini do cerrado" Perillo, que contam agora com decisão do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. O Tribunal decidiu que a greve deflagrada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação é ilegal e impôs multa diária no valor de R$ 30 mil em caso de descumprimento da decisão. O magistrado deixa claro que o governo do Estado “respeita o pagamento do Piso Salarial da categoria, que houve aumento salarial, inclusive com impacto financeiro relevante”.


               Independente das decisões de alguns juízes que frequentaram boas escolas particulares e de governantes que têm como salário gordos múltiplos dos ordinários pisos salariais, é esse mesmo o caminho certo para o desenvolvimento? Talvez eu tenha ido muito longe com "desenvolvimento": será mesmo esse o caminho para que nós possamos sobreviver e continuarmos a nos chamar seres humanos?
               Porque nós vivemos num lugar onde qualquer um que, na tenra idade de escolher um profissão, se diz inclinado a entrar na área da licenciatura é recebido com um suspiro de piedade e um aperto de mão que diz boa sorte, que dela você vai precisar.
               Sim, é clichê dizer que o professor é a profissão que forma todas as outras profissões numa voz solene e desiludida. Mas por que não? O professor, o mestre devia ter o respeito e a distinção que são reservados a médicos, magistrados, legisladores; já que todos eles devem algo a algum professor em algum ponto de suas vidas.
               Não se deve chamar de estouro dos limites das verbas públicas o aumento dos salários dos professores, o nome certo é investimento. Porque bons professores em boas escolas, transformam alcoólatras, flanelinhas, pedintes e drogados em médicos, magistrados e legisladores. (É provável que a categoria "legisladores" ficasse melhor colocada na parte ainda não transformada por professores...).

PS. Agora o André, um quase membro do blog, também passou na UFG!

3 comentários:

  1. Podemos perceber que os fascistas ainda estão por todos os lados, inclusive na educação. É isso mesmo, continuem rachando a cabeça do cometa tirando da tarraqueta pro jogo de improvisar...
    Valeu André!

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  2. Sei que é clichê também, mas porque não valorizamos o professor tanto como valorizam o professor nos países de maior escolaridade? Percebam que um sustenta o outro... Um pequeno investimento e incentivo e as coisas andam sozinhas se não interferirem negativamente.
    Na Europa (pelo menos na parte ocidental, que eu sei) é muito mais honroso e respeitado um professor do que um engenheiro ou médico.

    P.S.: Parabéns André ^^
    P.P.S.: Parabéns também Ian, Marco Aurélio e Kaito! \õ/

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  3. Segundo nosso querido governador: "Se o professor quiser ganhar mais, que vá pro ensino privado!".
    É revoltante como é desvalorizada a educação, mas as intenções são óbvias, quanto mais ignorante uma nação, mas fácil é controlá-la.
    Eu, particularmente, estudei na rede pública durante toda minha vida e é notável a situação gritante.

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