Pós-Zumbis 3ª temporada Season Finale


PARA LER OS ANTERIORES CLIQUE AQUI!

O Prólogo do Fim

            Fronrel continua com um olhar frustrado. Toma abruptamente a arma das mãos de R.. Ainda restavam Onze. Fronrel olha de relance para os companheiros e vê sobre si olhares no mínimo inquisitórios; então redireciona o campo da visão novamente aos zumbis, era difícil opinar qual das cenas era mais aflitiva.
                O ideal seriam fugir, mas não havia “furos na barreira”. Haviam sete balas no pente, mas Fronrel não intentava usar nenhuma. Se sentia o maior imbecil ao lembrar da satisfação que sentia em matá-los, da vez em que, em cima do carro do Choreilargado, descarregou cintos e cintos de balas em cima dos coitados; de todas as capsulas que caíram no chão enquanto os projéteis, antes anexados a elas, viajavam em direção à cabeça de algum inocente.
                Fronrel ergue as mãos, deixa a pistola se “pendurar” em seu dedo indicador.
                _ ME ESCUTEM! – começa ele. – Eu sei como vocês se sentem. Eu sei que a fatiga desse mundo, dessa sociedade, é quase enlouquecedora, É ENLOUQUECEDORA, eu sei como é difícil...
                Eles nem escutavam. Era quase palpável o desespero em ascendência aritmética presente na voz de Fronrel. Camaleão não conseguia acreditar no que seus olhos lhe mostravam. Se jogou em cima de Fronrel, pegou o revolver, deu um murro tão forte na cara de Fronrel, que a maçã de seu rosto provavelmente virou uma torta. Disparou seis tiros, fazendo com que Fronrel assistisse a todos; depois levantou-se e partiu para cima dos restantes, matou-lhes à porrada, quebrou o pescoço de um, esmagou a cabeça de um outro com o pé... ao final, Camaleão poderia ser indiscutivelmente um usuário de sauna dos mais assíduos e os zumbis estavam mortos.
                Ao terminar a carnificina, aproxima-se ofegante de Fronrel, a cólera vista no rosto de Fronrel no momento em que R. havia matado um dos zumbis parecia uma brincadeira de criança perto do que se via nos olhos de Camaleão agora. Ele joga a pistola no chão, bem ao lado do rosto de Fronrel.
                _ Se quer realmente se matar. – diz ele pausadamente, para dar chance de entrada de ar aos pulmões. – o faça agora, pois da próxima vez que você fizer uma besteira desse porte, você vai morrer pelas minhas mãos. VAMOS! – disse a todos. – temos que sair daqui logo, foram sete tiros, chamamos atenção demais.
                Fronrel rapidamente se levantou. Não estava irritado, mas apático. Era como se não tivesse forças para seguir em frente; mas ele ainda estava “inteiro”. A desolação era fator dominante em Linda, que olhava fixamente para o cotó, a ausência da mão; a cara dela era de incredulidade, era como se estivesse a tentar mexer o dedão que já não estava mais ali. Linda corria de um jeito quase impossível de descrever, ela não corria para viver, corria porque havia perdido tão profundamente as forças da vida, o desejo de viver, que nem vontade de findar a própria existência ela tinha; limitar-se-ia agora a passar pela vida, como uma sobra figurante, seguindo o que lhe dissessem para seguir, indo aonde os outros fossem... sem objetivo como eles.
                E corriam, sem destino, sem caminho, sem objetivo, sem projeto, sem intenção, sem rumo. Corriam, excetuando-se Linda, pelo mais primitivo dos instintos animais; o desejo, injustificado, se nos fixarmos na reflexão, de continuar a pertencer ao mundo dos vivos.
                O que nossos protagonistas não sabiam, é que a família que bateu à porta deles momento antes no conjunto habitacional não foi um simples acaso. Ocorre que, na alta cúpula, surgiu a especulação de que talvez nossos heróis, tendo eles “evaporado” após o incidente na Base (chamaremos de Base o local onde nossos heróis ficaram confinados.), poderiam ter se dirigido à cidade mais próxima, que nesse caso foi Candangolândia. O que lhes acalentou o descaso e propiciou um direcionamento mínimo de esforços (e por isso o longo período que nossos heróis se mantiveram escondidos) foi saber que Monquei não estava com eles e que Fronrel estava “batendo pino”. Assim sendo, designaram uma varredura nos blocos habitacionais, usando como fachada uma “distribuição de casas aos desfavorecidos”, assim, toda família que fosse visitar um dos apartamentos disponíveis nos blocos habitacionais iria com um “auxiliar”, que na verdade era alguém de escalão mediano ciente da situação; assim, evidenciando-se qualquer problema, esse “auxiliar” deveria contatar as “forças maiores” para as devidas providências serem tomadas. No exato momento em que esse auxiliar em específico percebeu algo de pouco usual no apartamento que “mostraria” à família de miseráveis ele contatou as “forças maiores”.
                E essas já haviam feito uma triangulação do local, e eles não costumam errar. Principalmente sob o comando de quem estavam.
***
                Albinati tentava encarar Linda, tentava mostrar a ela que ela não estava sozinha, mas essa tinha o olhar vazio, tinha o olhar incrédulo, tinha na face um caso que provavelmente assombraria o mais gabaritado dos alienistas.
                _ E agora!? – pergunta Albinati, adiantando-se um pouco para obter a resposta de Camaleão.
                _ Agora... temos de achar… um carro e dar... o fora daqui. – diz ele, ofegante.
                Passam por uma, por duas, por três esquinas. Alguns zumbis olham-nos com interesse. Começam, nossos heróis, a questionar-se sobre o porquê de estarem correndo.
                Fronrel estava emocionalmente desfalecido; culpava-se por ter sido tão imprudente, por ter caído tão facilmente em uma armadilha que custou tanto a si e ao grupo. Pensava em quanto aquilo custou. E somente agora, ao pensar nesse custo, ele lembra-se da ausência de dois membros do grupo, um deles inclusive ele pode presenciar sendo explodido; uma lágrima escorre face abaixo, mas não era uma lágrima sofrida e angustiante, parecia mais um reflexo mecânico, ele não estava se remoendo em dor e amaldiçoando o mundo, apenas uma lágrima caiu à lembrança, uma lágrima pura e simplesmente.
***
                Aos poucos, diminuem o ritmo dos passos; ainda há alguns zumbis na rua, mas em pouca quantidade. Nossos heróis estão cansados. Camaleão apóia as mãos sobre os joelhos, respira fundo, estava com sede; R. sentia menos as mazelas do exercício físico, mas o que sentia ainda era desconfortante; Fronrel ainda tinha a lágrima fixa ao queixo, como se recusa-se, a lágrima, a ocultar-se, ela precisava proclamar que ali estava; Albinati sentia-se abatida, mas não fisicamente, sentia-se desmotivada; mas nenhuma dessas sensações descritas, sentidas por nossos personagens, equiparava-se ao que Linda sentia, que era nada, um simples e ocre vazio que não era triste, nem cansado, nem desesperançado, nem nada, era o puro e negro vazio de um poço sem fundo.
                Linda tinha o olhar vazio. Agora parados e com o sangue a esfriar, nenhum de nossos protagonistas sabia o que fazer, nenhum deles sabia o que fazer para consolá-la, o que fazer para dar-lhe de volta o brilho pertencente aos viventes. Não, ao contemplar aquela face vazia, talvez todos houvessem percebido que ela representava exatamente o grupo de nossos heróis, era um grupo que não tinha mais nada: não tinha condições de cumprir o propósito ao qual se propôs, continuava invariavelmente falhando em proteger a si mesmo e nem sequer tinha conseguido prover algum dano significativo àquela sociedade que considerava inimiga.
                Eles eram a piada, a incrível piada com a qual todos têm se divertido.
                Mas ainda estavam vivos, e ainda restava um centeio de vontade de autopreservação e Camaleão parecia determinado em se concentrar nele.
                _ Vamos, vamos achar outro local pra ficar até decidirmos o que fazer. – diz ele.
                _ Pra quê?
                Silêncio. Silêncio porque o questionamento veio da pessoa de quem menos se esperava, veio de Linda.
                _ Sério, pra quê? Qual o propósito? Estamos mortos, mas vocês não querem admitir, nunca tivemos chances contra esses caras, vocês sabem disso, sempre souberam, mas, por egocentrismo, quiseram ficar brincado de cowboys e índios. ESTAMOS TODOS MORTOS JÁ! NÃO HÁ NADA QUE POSSAMOS FAZER! SEUS IDIOTAS! SEUS ESTÚPIDOS! FRONREL SEU FILHO-DA-PUTA, PORQUÊ VOCÊ NÃO ME DEIXOU LÁ, AHN!? PORQUÊ NÃO ME DEIXOU LÁ COMO EU FALEI!?
                Ela desaba em lágrimas, ela começa a esmurrar o chão com o cotó do braço, começa a sangrar, ela não para, pincela a calçada com sangue, ela se debate, ela chora muito e muito alto. Fronrel tenta segurá-la, ela revida com uma cotovelada que faz o nariz de Fronrel sangrar. Linda era desolação.
                Poderia eu, caro leitor, ficar aqui a devagar páginas e páginas afim de transpor o exato quadro que era Linda nesse instante, e seria desolador e também fascinante, mas me abstenho, me abstenho pois fatos mais importantes merecem ser mencionados, por exemplo o fato de que, nesse exato instante, com todos chocados e sem jeito com a crise de Linda, carros pretos aparecem das esquinas dos dois lados e cercam nossos protagonistas com holofotes e avisos e alertas.
                Todos cobrem as frontes, os holofotes eram demasiado fortes, demasiado opressores. Fronrel sentia um frio percorrer-lhe a espinha, sentia o medo da eminente chegada de pessoas para as quais ele nem sequer foi páreo, sentia pela chegada dos engravatados.
                Mas não foram eles que chegaram, não. Por trás de um dos holofotes, vem, de arma empunhada, um indivíduo. Manda todos se posicionarem de barriga para o chão de com as mãos nas costas. Todos o fazem, pois sabiam não ter chance em reação.
                O que choca a todos, e principalmente R., pois ela foi a primeira a perceber, é que o capturador era conhecido, o soldado era Monquei.

--------------------------------------------------------------
Ps: peço desculpas pelo atraso da postagem, ocorre que minha internet caiu ontem de noite e voltou apenas agora.

2 comentários:

  1. oi amor, vc sabe que eu sou sua fã numero 1°, adoerei Pós-Zumbis.. bjosss. Lú

    ResponderExcluir
  2. TUDO BEM, ATÉ EU ACHEI TRISTE A GALERA MORRENDO, ALINDA SEM MÃO MAS TA NA HORA DELES REAGIREM...AFINAL, PARECE QUE A COISA TA FICANDO PRETA(BOM,A COISA JA TAVA PRETA ANTES NE).

    ResponderExcluir