A piada da prestação de contas


                Época de eleição. Você leitor que acompanha tevê estará, em agosto, na companhia do Horário Eleitoral Gratuito; além dos debates transmitidos por televisão e rádio. Antes de ensaiar sobre o tema que rege este texto, faço uma profunda crítica à lógica do Horário Eleitoral Gratuito, que confere tempo consoante o tamanho da aliança partidária, é um absurdo dos maiores, pois fomenta a aliança partidária não de modo a atender interesses mútuos no que confere aos eleitores destes partidos, mas sim em interesses unicamente mercadológicos. Deste modo você vê como plausível o que antes era irracional, como uma aliança entre o PT, partido de (centro-) esquerda, com o PP, partido de ultra-direita, partidos que em nada concordam, exceto na vantagem de se ter um horário eleitoral alongado.
                Mas deixemos de lado os pormenores que não se alterarão com os meus chiliques, partamos então ao tema, a prestação de contas. O que mais se vê nas campanhas de governos que em dado momento já foram eleitos é o que o cientista político Francisco Mata chama de “jogo dos milhões”. (para exemplificar usarei valores aleatórios sem fonte verídica) “Foram gastos mais de 500 milhões em obras de saneamento básico”, “gastamos quase 200 milhões em habitação”, “gastamos quase um bilhão em obras de infraestrutura”. Estas propagandas partem da lógica de encher os olhos do eleitor com números que em sua própria natureza são muito grandes. Naturalmente que são investimentos altos, mas... Algum eleitor tem conhecimento da arrecadação total do estado?(ou da união) Pouquíssimos, embora o dado seja público (http://www.impostometro.com.br/). Mas se esta fosse a única variável do problema dar-se-ia um jeito, há outros. Por exemplo: Admita que você saiba quanto foi a arrecadação tanto do seu estado quanto da união, você ainda teria de saber, por exemplo, quanto desta verba é destinada à educação. Pense comigo, se a verba destinada à educação fosse de 900 milhões(dado absolutamente exemplificativo) e fossem investidos 200 milhões este investimento seria demasiado pequeno, mesmo o número sendo grande em si mesmo, entenderam? Não dá para nos basearmos neste tipo de dado. E o mesmo se aplica aos debates, por exemplo, se um candidato de um governo um pouco mais antigo diz que gastou X, e um do governo mais recente diz que gastou mais, temos de levar em conta a inflação, a situação do país nos dois mandatos e também a real necessidade daquele gasto, porque não se trata apenas de investimento, mas também da real aplicabilidade dele.
                Por fim: Não se deixe iludir pelo “jogo dos milhões”, pois ele parte de uma infeliz premissa, a assimetria entre o saber do governante e o saber dos governados.
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Ps: Hoje (sábado 14/4, às dez horas da manhã) ocorre o protesto Fora Marconi na praça cívica, estarei lá com o intúito de fazer uma cobertura para o blog. caso eu morra, doem meus orgãos.

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