Holofotes. Parcialidade


                 Nossa querida Xuxa se mostrou diferente do habitual em sua última entrevista. Sem crianças ao redor e com uma voz menos melosa (mas ainda sim chatinha). Falou de abusos que sofreu durante a infância, em vários momentos e com diferentes pessoas. Falou também de seus relacionamentos e de sua dificuldade em arranjar um parceiro. Well, vamos chafurdar um pouco mais fundo nesta matéria que o Leviatã da televisão (a Globo) nos serviu.
                É curioso, em primeiro lugar, que estes diversos assédios nunca tenham vindo à tona. É também ligeiramente curioso, e agora meu lado conspiratório emerge, que tenham vindo em uma matéria “ultraespecial” e “ultradivulgada” na Globo em um período com complicações políticas tão grandes, como o novo código florestal, escândalos da operação Monte Carlo e algumas novas descobertas relacionadas ao “Mensalão” de 2005. Vale lembrar: uma EXCLUSIVA cedida pela apresentadora. Parece-me conveniente esta repentina guinada nos holofotes. Mas como eu disse, são apenas devaneios conspiratórios.
                Também não é curioso que ela, tendo sido abusada enquanto criança e dizendo-se perturbada por tal ocorrido, tenha gravado um filme erótico (não pornô, faço a ressalva em prol da confusão de muitos) em que aparece em cenas libidinosas, para não dizer sexuais, com uma criança? Algo que, naturalmente, não foi citado em momento algum na entrevista. Também é curioso que ela dê tamanho alarde para o fato de ter sido abusada e depois diga: “mas não me lembro muito bem”. Ela pode até não se lembrar tanto, isso ocorre com alguns tipos de trauma, mas então qual a razão para tal alarde? Justiça ela não clama, e muito provavelmente a sua declaração não vai interferir nos números de ocorrências deste tipo de crime. Portanto, porque querer os holofotes voltados para si?
                Outra ponto no mínimo controverso da entrevista foi a declaração do pedido de casamento do Michael Jackson. Não duvido que o fato tenha ocorrido, pode até ser verdade. Já correram declarações de que o Michael, em certa época, procurava uma mulher branca, loura e de olhos claros para ter filhos; mas novamente é a declaração da Xuxa que trás à superfície a parcialidade da entrevista: “Obviamente minha resposta foi não. Eu fico com a pessoa que eu me apaixono, né”. E, tendo citado os relacionamentos que teve com Pelé e Senna, porque então não citou seu relacionamento com Luciano Szafir? Que é, inclusive, o pai da filha dela? Vai saber.
                Enfim, só queria expor determinados pontos que são, no mínimo, estranhos. O alarde que o “show da vida” aprontou para a divulgação da entrevista mostra pelo menos dois posicionamentos: Ou estão querendo desviar a atenção de algo trazendo os holofotes para uma entrevista apelativa, ou estão desesperados por audiência (que de fato vem caído muito, o Fantástico, neste mês, em alguns Domingos chegou a ficar em quarto lugar na audiência, o que para um programa tão tradicional é um pouco desconfortável).
                Devemos tomar cuidado com bombas soltas assim.
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Ps: A "pornoxanchada" que tem a cena sexual entre a xuxa e uma criança chama-se "Amor, estranho amor". A apresentadora conseguiu que a distribuição do filme fosse proibida, de modo que hoje só é possível encontrá-lo na internet (ou algúm beco muito obscuro).
PPs: Semana que vem tem dobradinha de Pós-zumbis (quarta e quinta), sendo na Quinta o texto final da série.

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