Crônica de inverno

   Era verão!
   Mas não no hemisfério em que ele estava, contudo isso não importava mediante aquele clima equatorial. Alguns quilômetros na direção certa o situaria no outro hemisfério, mas se fosse só alguns, como lhe era possível naquele momento, continuaria ainda dentro daquele clima equatorial quente e úmido, mas não era isso que ele queria, era justamente o rumo oposto, pois este era seu primeiro inverno!!
   Nunca conhecera o frio intenso, que não fosse o dos ar-condicionados. Por uma feliz, ou triste, coincidência sua família viajava bastante devido ao emprego de seus país, permanecendo em cada local, nada mais que três meses e nunca, desde seu nascimento, ficaram em um lugar quando a estação era inverno. Sempre verão, primavera e no máximo outono. Logo ele que tinha como música preferida Winter, de Vivaldi.


 

   É curioso como as pessoas tendem a buscar o desconhecido! Pode até não ser tão bom quanto aquilo que já lhes tens, mas o mistério, o novo, o inexplorado e a nova experiência faz compensar tudo, é a possibilidade que estimula o ser humano, que lhe da força para prosseguir com a vida a cada manhã.
   Era inverno! Mas não era isso que tinha em mente o garoto. Toda aquela expectativa quebrada em enorme frustração. Contudo, mesmo tendo pais ausentes grande parte, em poucos segundos a mãe percebeu o que havia acontecido.
   Na manhã seguinte a mãe então lhe dá um presente: uma raia (uma pipa). Pois pensara esta ser o motivo de tal frustração, já que seu filho era uma das poucas crianças do bairro que não praticava tal desporte. A principio nem fez muita questão de seu presente ao vê-lo, mas quando sua mãe lhe fez um gracioso sorriso ao entregar a pipa em suas mãos sua percepção mudou, e foi quando ele percebeu que deveria dar uma atenção maior ao que estava acontecendo.
   Largou sua revolta de lado e, com um sentimento de obrigação para retribuir o agrado da mãe, correu para fora na tentativa de estrear seu novo brinquedo. Teve dificuldades a princípio, mas observando os outros, logo pegou o jeito.
   Se apaixonou rapidamente pela brincadeira, de forma que ele não esperava que poderia acontecer. Começou  a fazer amizades rapidamente com os outros de sua idade e praticantes, pegando dicas, aprendendo manobras, participando de duelos e frequentemente correndo atrás de "raias toradas".
   Com o vento o tempo também passou de forma ligeira, de forma que o menino mal viu que se passaram 3 meses e era hora de arrumar as malas. Porém o menino relutava em ir, contudo foi convencido quando ouviu falar que a temporada de pipa tinha acabado, pois os ventos já não eram tão fortes.
   Chateado entrou no avião, nem notando para onde se dirigia. O que lhe importava? As coisas boas que lhe eram proporcionadas eram lhe retiradas de forma mais rápida ainda. Adormeceu!
   Acordou quando o avião estava prestes a aterrissar. Olhou para a janela que estava a duas poltrona de distância, mas não conseguiu ver nada devido as nuvens e pelo fato de a pessoa que estava sentando próximo a ela fechara-a antes que o garoto pudesse ver algo.
   Ao desembarcar seu pai então surgiu atrás dele, se esticou um pouco e lhe sussurrou: "é outono, mas eu poderia jurar que de fato é inverno". O menino olhou para fora e percebeu que estava nevando!


*
-----------------------
     Olá leitores. Estamos nos bastidores sempre preparando coisas novas para vocês, mas nós precisamos saber se vocês estão ai e, principalmente, o que vocês querem. Mais artigos de opinião? Mais narrativas? Mais debates? Mais podcast? Convidados? What? O Ian já abordou o assunto, mas senti necessidade de reforçar...
     Obrigado a todos que ainda nos acompanham e nos recomendam. Nos ajude a crescer!!!!

-----------------------
*
   Estavam no extremo norte da Groenlândia (vulgo Polo Norte). Naquele mesmo dia em que a mãe pensou saber o que se passava, o pai estava junto, mas apesar de não se pronunciar, ele é quem soube verdadeiramente captar os pensamentos do garoto, e preparou esta surpresa.
   O menino viu uma imensidão de branco, como se aquilo fosse a página de um novo capitulo. Foi quando ele sentiu aquilo que nunca poderia ter sentido em meio a tantas cores, construções e formas.
   Teve-se inicio então a uma guerra de bolas de neves! ...sem nenhum anjo no chão.

   Estavam de férias!

Nenhum comentário:

Postar um comentário