Sou livre pra dar pipoca aos macacos



But greed is a bottomless pit
And our freedom’s a joke
We’re just taking a piss
And the whole world must watch the sad comic display
If you’re still free start running away
Cause we’re coming for you!

Você se consideraria livre? Livre, liberto, desimpedido, categoricamente árbitro da sua miséria? Você se consideraria livre se o recenseador do IBGE, com sua pranchetinha (que já imagino ser digital, algo como um ipad 2, porque o conhecimento a respeito do país e do povo e das suas agruras é o primeiro e imprescindível passo em direção ao progresso), fizesse a pergunta, mecanizada pela repetição, ávido para preencher as lacunas sensíveis ao toque da touch screen: há quantas pessoas em casa, têm escolaridade em qual grau, ganham bem ou passam fome, se consideram livres?
Imagino que as respostas sejam negativas. Todos, ou quase todos, para o bem da precaução que se deve ter quando em proximidade das generalizações, diriam não: eu não me considero livre. Mas aí reside outro perigo do mundo contemporâneo, ou de qualquer mundo em que há tendência de músicas onomatopéicas, o censo comum. As pessoas diriam que não são livres porque alguns filmes já sugeriram isso, alguns compositores já beberam dessa água e alguns libertários já morreram de velhos.
Mas quando é que o sujeito sente falta de liberdade? Não acredito que seja quando vota no PSDB-T. Porque a coisa parece tão espontânea, tão bem pensada e positiva. Só que é justamente dentro dessa decisão tão comumente tomada que podemos identificar a problemática da liberdade. A decisão mais ativamente influente que existe no nosso democrático modelo de vida toma-se às cegas, nu e de cócoras no escuro: vota-se sem assistir a um único debate circense televisivo, sem nem conhecer o indivíduo que é sua escolha.
A história já é diferente quando se trata de vestir hilfiger ou comer um royal with chease. Porque isso concede benefícios (de status, de atividade sexual), então se faz deliberadamente. E, já que estamos aqui, não faz mal algum dizer que é exatamente essa outra escolha o que mantém o pessoal que há mais de meio século migrou da ilha da Bretanha para o mundo selvagem no topo dos rankings de desenvolvimento. A única liberdade que até hoje veio a funcionar no mundo humano é a liberdade de consumo. Como dizia Churchill (um outro plácido filho de anglo saxões): democracia é a pior forma de governo, exceto todas as outras. Pra quem gosta de quotes mais fiéis: Democracy is the worst form of government except from all those other forms that have been tried from time to time.
Por isso, vá ser livre, filho, porque segunda feira tem mais.



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