Quem é rico mora na praia


A corrupção é crônica e generalizada, como dizem por aí, no Brasil.

O engraçado é ver os que falam esse tipo de coisa se colocarem fora desse grupo corrupto. “Ah, claro, todo político é ladrão”; “Gente rica não tem escrúpulos e concentra toda a riqueza do país para o bem dos seus luxos enquanto há outros que morrem de fome”. Mas e se fosse você no lugar deles?

Se você fosse prefeito de uma pequena cidade e tivesse cinquenta vagas de contratados para preencher, pestanejaria antes de incluir um ou dois parentes seus? Pestanejaria também antes de favorecer razoavelmente a empresa de alguém próximo a você no contrato de serviços terceirizados? E, na hipótese de se lançar a nível federal, pensaria duas vezes antes de prometer um ou outro voto a favor de uma ou outra lei em busca de apoio de campanha eleitoral? Responda mental e sinceramente.

Se você fosse rico (não essa classe média que prega seus Apple stickers na testa, mas gente rica daquelas que é filha de ‘alguém’), dividiria suas posses com os necessitados? Menos ainda: hesitaria em especular imóveis (quando há tantos sem terra)? Hesitaria em demitir, enforcar salários, sonegar, fazer seu próprio lobby com políticos ambiciosos, tudo em nome da multiplicação da sua riqueza e do seu conforto? Responda da mesma forma que antes, por obséquio.

Que esteja claro o meu ponto aqui: não é uma apologia à “má conduta” ou uma tentativa de exonerar de culpa os que praticam tal. O objetivo é combater a hipocrisia e a exteriorização das responsabilidades.

Não são os políticos os corruptos do Brasil, são os brasileiros. Que me perdoem os puritanos, a aliança renovadora nacional, o candomblé, os anonymous, a causa monárquica da casa imperial, o fora Marconi e o sindicato dos flanelinhas de Goiânia: vocês são todos corruptos! O que lhes falta, às vezes, é a oportunidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário