Um país rico é um país sem gente rica




O Estado está aqui para nos livrar do “estado” bárbaro e selvagem, aquele de lobos, e nos trazer para a elevação de espírito e pensamento edificador. Sim? Se não, onde reside a inverdade na afirmação anterior? O Estado é fruto e não causa de um pensamento edificador? Ele está aqui simplesmente para nos trazer um diferente estado de barbárie e selvageria, mas este segundo velado sob a bandeira da democracia?

Talvez eu não seja capaz de responder a essas perguntas, que são ardilosas e de ordem muito filosófica para o meu modesto e símio pensar. Só sei que os homens que compõem os poderes do Estado são figuras peculiares e dignas de reflexão. Os meios são corruptíveis, as possibilidades são tentadoras e transformadoras; mas os homens, estes homens que estão no poder, estes são homens assim como nós.

O que se passa quando um sujeito pobre, minimamente assalariado, iletrado, sem suporte de saúde e com meia dúzia de filhos para criar vota no latifundiário, de família tradicionalmente abastada e dono de metade das terras da sua cidade? Uma hipótese é a de que ele realmente acredita que este fazendeiro que demonstra tamanha prosperidade no sistema capitalista tenha capacidade para gerir uma cidade e ela também fazer próspera. Outra é a de que ele crê que o poder não deve se dissociar da riqueza. E uma terceira é a de que esse homem pobre vota sem ter o mínimo controle sobre aquilo que está fazendo, ou seja, não sabe como, por que e nem em quem está votando.

Já os que estão no poder têm, sim, consciência de como funciona o voto. Eles sabem os meios, não de fazer política, mas de produzir uma imagem política: são profissionais políticos. E justamente por isso se perpetuam e até deixam herdeiros. Mas, ainda assim, o interessante aqui é constatar que nem esses profissionais políticos estão no topo da “cadeia alimentar”; não tomam as decisões finais e nem têm ciência de todos os fatos.

O capital é que movimenta a alma. Dói, dilacera, mas é uma verdade que deve ser aceita antes que consuma a vista, as ligações nervosas e até as juntas dos membros.

Um movimento que parece (só parece, pois os fatos não estão à minha disposição) estar sendo aplicado contemporaneamente é o de manufaturar candidatos a eleições. Ainda mais com o advento da “ficha limpa”, deve-se agora encontrar sujeitos idôneos, imaculados. Homens com tais características não existem no mundo voraz da política. Portanto, vemos cada vez mais artistas, pessoas populares e fantasiadas ascendendo ao poder.

Um dos maiores exemplos que me salta à mente é a excelentíssima senhora Presidente do país. Quem seria ela não fosse o PT e o oportunismo continuista? Quem seria ela não fossem as cirurgias plásticas e as diversas aulas de oratória (demagogia)? Onde estaria ela se os seus opositores fossem um tanto menos ridículos – e um tanto mais manufaturados como ela?

Um país rico é um país sem gente rica.

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